Cannabis terapêutica: um guia completo

Entre 2019 e 2024 foram registadas cerca de 100 mil prescrições magistral de cannabis terapêutica e as pessoas que receberam pelo menos uma prescrição são mais ou menos 28.000. Mas o que é exatamente a cannabis terapêutica, para que serve e como é possível obtê-la? Contamos-te tudo neste artigo.

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O que é a cannabis terapêutica?

Por cannabis terapêutica entende-se
plantas de cânhamo utilizadas para fins medicinais,sob controlo sanitário rigoroso, diferentes das de cânhamo cultivadas a partir de sementes certificadas para a produção de fibras ou para outros usos industriais, conforme permitido pela legislação da União Europeia.

Ao contrário do uso recreativo,pt
o seu uso é regulamentado por normas específicas e pode ser prescrito por médicos
apenas na presença de determinadas condições clínicas. 

Cada etapa da fase agrícola, da preparação e embalagem do produto acabado, deve cumprir os padrões internacionais de boas práticas agrícolas e de colheitaGACP(do inglês Good Agricultural and Collecting Practice) e boas práticas de fabricação GMP (do inglês Good Manufacturing Practice).

Os principais princípios ativos contidos na cannabis são o
THC(tetraidrocanabinol) e oCBD (cannabidiol), duas moléculas com diferentes efeitos farmacológicos: a primeira é conhecida pelas suas propriedades psicoativas, analgésicas, antieméticas e estimulantes do apetite, enquanto a segunda é apreciada pelos efeitos anti-inflamatórios,relaxantes e ansiolíticos, sem alterar as funções cognitivas e motoras.

A
cannabis para uso terapêutico
é dispensada pelas farmácias, como preparações magistral em folhas (substância vegetal tal qual), extratos e cápsulas, que são produzidas e personalizadas com base na prescrição médica. A administração da cannabis terapêutica pode ocorrer por

via oral ou inalatória
, dependendo da patologia tratada e das necessidades do paciente. O efeito terapêutico depende de múltiplos fatores, incluindo a dosagem, a forma de administração e a composição específica dos princípios ativos.

A quantidade de CBD e a relação com o THC na cannabis terapêutica variam consideravelmente consoante a genética. Em Itália, para uso médico, adotam-se por exemplo as variedades FM1 e FM2, produzidas pelo Estabelecimento Químico-Farmacêutico Militar de Florença:

•  FM1 apresenta um elevado teor de THC, entre 13 e 20%, combinado com baixos níveis de CBD, menos de 1%. 

• 
  FM2, por outro lado, é caracterizada por uma percentagem de THC entre 5 e 8%, e uma maior presença de CBD, entre o
  7 e 12%. Esta formulação é útil para intervenções terapêuticas em que é prioritária uma abordagem anti-inflamatória e ansiolítica, reduzindo ao mesmo tempo o risco de efeitos secundários relacionados com o elevado teor de THC.

 Também produtos internacionais adquiriram uma relevância notável:

• Bedrocané amplamente utilizado pela sua alta concentração de THC, que ultrapassa os 20%, enquanto o teor de CBD é muito baixo, geralmente inferior a1%. 

• Bediol
  caracteriza-se por ter um valor de THC de 6–7% e um
  8% de CBD.

• Bedrolite
  apresenta uma baixa concentração de THC, inferior a 1%, e um teor de CBD mais elevado, cerca de
  8% .

Esta diferença de conteúdo entreTHC e CBD
é fundamental para modular o efeito farmacológico da cannabis terapêutica, permitindo uma personalização da terapia. Os médicos, de facto, avaliam a composição mais adequada às condições clínicas específicas. A escolha do tipo de cannabis, da formulação e da forma de administração é feita tendo em consideração a necessidade de obter o máximo benefício terapêutico, reduzindo ao mínimo os efeitos secundários, e garantindo ao paciente um tratamento seguro e padronizado.

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